Um conto biográfico é a biografia contada em sua essencialidade, e que revela o caminho de vida da pessoa que é o personagem princial da história.
Na formação biográfica, cada um de nós, alunos, cumpre uma série de tarefas para recebermos a certificação, que garantem nossa qualidade como profissionais do Aconselhamento Biográfico.
Na minha formação, no último módulo nós apresentamos, publicamente entre nós, num lindo ambiente e contos de histórias, cada aluno do seu jeito, nossa biografia transformada em um conto de fadas.
Convido você para conhecer a minha história de vida a partir de uma linguagem lúdica e imaginativa, mas que, contém toda a essência de minha vida, com verdade e profundidade.
Então, aqui está:
” Phee, a fada que não sabia voar “
Há muito tempo atrás, meio século passado, nasceu, no Reino do Sul, Phee, uma pequena fada com lindas asas verdes. Seu pai tinha asas azuis e vinha do reino das neves e sua mãe, nascida no reino das letras, tinha asas amarelas.
Todos os Elfos e Fadas tinham asas azuis ou amarelas, e as asas de Phee eram diferentes.
Phee foi muito protegida e amada por todos dos dois reinos. Ela cresceu uma fadinha feliz, saltitante e curiosa sobre as coisas da natureza. Gostava de brincar com outras fadas, com flores, joaninhas e os bichinhos da terra.
Era uma fada querida por todos, mas principalmente pela Anciã do Reino das Neves, uma Sábia que conhecia os segredos dos dons mais preciosos, de mundos distantes e que acolheu Phee em seu coração e a ensinou sobre seus próprios dons.
Phee vivia com sua família em terras amistosas, com planícies amplas, repletas de flores e lugares mágicos, que visitava sempre que desejava e onde sempre aprendia algo novo.
Ela era feliz em sua família, com seus pais e irmãos e primos e tios.
Mas, com o passar do tempo Phee percebeu que suas asas verdes brilhantes eram diferentes das asas das outras fadas e elfos. E queria muito ser igual, e tinha certeza que conseguiria.
Até que um dia caiu, perdeu suas asas, quase morreu e odiou suas asas e seus dons, que não serviram para protegê-la, e agora sem asas, Phee se sentia ainda mais diferente e nunca aprenderia a voar.
Phee foi conhecer o mundo, queria um jeito de fazer nascer novas asas. Mas, nada que aprendia e aprendeu muitas coisas, parecia servir para recuperar suas asas e poder voar.
Queria voar para, do alto poder ver o mundo, outros lugares, outros reinos, e sonha com esse dia em que poderia, levar amor e alegria para todos os cantos do mundo, para os corações de outros reinos …
Phee cresceu uma bela fada, mas, соmо não tinha e não usava as suas asas, de repente, esqueceu das asas, esqueceu que queria voar, esqueceu de seu sonho e desaprendeu a sonhar.
Phee se sentia estranha entre as fadas de sua família e entre as fadas amigas. Mas sem comentar seu incômodo, seguiu buscando por algo que já nem mais sabia o que era.
Sua tristeza Phee guardava em uma caixa de gelo, trancada por 7 chaves dentro de seu coração, para que nem ela, nem ninguém, pudesse tocar.
A Anciã das Neves gostava muito, muito de Phee e a estimulava contando histórias de Semeadores e filhos perdidos que voltavam para casa e isso fazia Phee se sentir um pouco mais forte para continuar seguindo. A Anciã das Neves lhe dava poções mágicas de coragem e amor.
Mas, um dia a Anciã das Neves partiu para outros mundos e de longe só ficou a lembrança de seu grande amor.
Então Phee seguiu em sua aventura, e encontrou muitos desafios, mas também muita ajuda.
Como era uma fada determinada a aprender, ela enfrentava com coragem e confiança que a anciã lhe ensinara, mas muitas vezes Phee não ouvia a ajuda e seguia sempre em frente superando obstáculos e fazendo do seu jeito.
Num desses dias, um Elfo do cantão, alertou que o abismo poderia ser maior do que ela conseguiria pular.
Em sua confiança de que tudo daria certo e que a poção mágica da anciã faria tudo possível, Phee pulou. Mas, sem suas asas, caiu no abismo. Phee se machucou muito, muito e quase sem vida, e desencantada, demorou muito tempo até poder continuar sua aventura.
E se vocês pensam que ela nunca mais se machucou, vocês não sabem nada de Phee.
Ela caiu, muitas e muitas outras vezes, e a cada queda foi acreditando, cada vez menos, que podia confiar em si mesma, nos dons que não sabia usar e na mágica que a anciã lhe ensinara.
Parou de tentar fazer do seu jeito. Esqueceu que queria novas asas e por esquecer de seus sonhos, do seu fazer, enfim, deixou de querer, deixou de sonhar.
Mas, seguia em frente e em seu caminho chegou num reino onde os habitantes não tinham asas, e lá aprendeu muitas coisas: as leis da vida, a ordem das idéias, dos nomes, a buscar perfeição.
Nesse reino encontrou um jovem e belo feiticeiro que tudo sabia, até a língua dos sapos, das salamandras e das serpentes.
Phee queria ter o saber, para curar sua tristeza e a falta da perfeição.
Então, ela serviu ao feiticeiro dos sapos, e fazia tudo como ele dizia, buscando saber sempre mais, para fazer melhor.
E o feiticeiro lhe ensinou sobre as fronteiras dos mundos, sobre caminhar na beira do abismo, sobre transpor montanhas e vales, sobre deixar ir e sobre como caminhar para se ir mais longe.
O tempo passou e eles caminharam juntos por algum tempo e Phee conseguia ver os dons do feiticeiro, dons que ele mesmo não conseguia mais ver, e percebeu que há tempos havia perdido a si mesma e não lembrava mais dos seus próprios dons.
E foi assim que ela recordou que havia guardado as poções da anciã
Envoltas em poeira e teias de aranha, Phee resgatou de dentro da caixa de gelo, as poções mágicas e usando elas entendeu que precisava seguir seu caminho, para reencontrar seus dons.
Suas pernas a levaram por muitos caminhos, caminhos longos, sem paradas, terrenos íngremes, florestas e penhascos.
Até que chegou em terras de lindas paisagens, repletas de cores e flores de todo tipo, pássaros, borboletas, e até joaninhas brilhantes, sol radiante, água em abundância, pontes que comunicavam o lá com o cá e Phee se sentiu em casa, como em seu coração.
Por ali foi ficando e aprendeu a reconhecer alguns de seus dons, e tinha muitos dons, alguns que nem sabia que tinha.
Na busca pela perfeição de tempo passados, junto ao feiticeiro dos sapos, sem se dar conta do que havia feito, através de um dom que nem sabia que tinha, Phee transformou uma salamandra em um gigantesco e feroz dragão, que a seguia por onde fosse, que nunca partia, que ia e vinha sem se saber de onde e a assustava muito e a ameaçava toda vez que Phee tentava usar seus dons.
Por sorte do destino, nessa paisagem, contemplando flores e nuvens, encontrou o sábio Rei das Terra férteis, que entendia dos mistérios da terra e das plantas, mas também entendia de gente.
Phee se encantou com o que via, ao olhar para o Rei, via nele, brilhando do coração, o brilho do sol, quente e luminoso, irresistível.
O coração de Phee cresceu em seu peito, tanto que parecia que lá não mais caberia, e quando quase se rompeu, transbordou, tanta, mas tanta alegria, que por um instante sua tristeza parecia não mais existir.
Ainda que muito rápido, e incapaz de conter, sua alegria efêmera deu novamente lugar à tristeza e ao medo, o dragão malvado não tardou em voltar.
O Rei, que de gente também entendia, preenchido de compaixão, indicou muitos caminhos, mas todos foram em vão. Phee tentou as sementes do futuro, tentou também canto, movimento com o corpo e as mãos. Não conseguia por nada curar sua tristeza.
Viajou junto com o Rei para terras além mar, conheceu o gigante da fortaleza do bem, que aqueceu seu coração, enfrentou nevascas em rochedos, passou por grutas sombrias e castelos antigos, que não se podia entrar, passou sede, muito frio e muito calor, e adoeceu gravemente, já quase sem forças, achando que era o fim, adormeceu.
Os Magos da Fortaleza do bem a recolheram e a cuidaram enquanto dormia, com poções especiais e aos poucos, recuperada, pode seguir a viagem, por lugares distantes, para encontrar arte e diferentes poções.
De volta às terras de belas paisagem, se sentia mais forte e confiante. Um pouco de tudo que fizera se somava e até ajudava, mas o dragão faminto sempre a espreita lhe roubava o fazer.
Então só teria um jeito e o Rei lhe falou:
_ Pra ti, fada sem asa, só há de ter um jeito, e eu vou te ajudar! Com muita coragem tens que encontrar o “Espelho do Tempo”. O espelho mostrará os teus sonhos e o que mais desejas saber. Mas, não basta encontrar o espelho, tens primeiro, com boa vontade aprender a ler nas estrelas como usá-lo, olhar através dos seus segredos e desvendar o mistério da Vida.
Vais encontrá-lo em um castelo, no coração da floresta, no alto de uma montanha, aos pés da pedra da face, de onde se vê o mar. Lá encontrarás semelhantes que contigo caminharão, sendo apoio e se apoiando, serão força em teu coração e vai confiante pois muito amor te aguarda por lá.
E o Rei ajudou Phee a se preparar para o caminho. Ela foi e voltou, várias vezes, pois tinha muito o que aprender. Seus mestres eram o dobro de três, e a ensinaram a olhar e ver pelo espelho, cada um com seu dom, e eram mestres magos amorosos que ensinavam o valor de se ser como se é.
Enfim aprendeu a olhar e ver o que o espelho lhe mostrava. Olhou e viu a si mesma, desde o dia em que nasceu. Viu-se pequena, protegida e amada por todos, lembrou dos ensinamentos da Anciã das Neves, lembrou de tudo que fez, o caminho por onde passou, todos que conheceu, de tudo que recebeu.
Viu no espelho que não precisava de asas, entendeu que não asas mas, a vida, é o Presente, que recebeu ao nascer. Viu também, morando em seu coração, a tristeza e o dragão, e entendeu que sem eles não teria vivido a grande aventura que viveu.
E assim… vivendo o agora, se sentindo bem sendo quem é, junto ao Rei das Terras Férteis, Phee aprendeu a voar, a voar alto, com os pés bem firmes no chão.
Hoje, agradece ao destino pela vida que tem, se reconhece pronta para realizar o seu sonho, por onde seus pés a levarem, com leveza, alegria e amor, ensinar a quem precisa: a olhar através do Espelho do Tempo para compreender os mistérios da vida.
Conto Biográfico – Biografia Lúdica
Espero que você tenha gostado e que meu conto tenha inspirado você a pensar sobre como seria a sua história em formato de um conto de fadas.
Que personagem você seria?
Em que paisagem seria seu conto?
Que personagens representariam os seus desafios vividos?
Consegue imaginar?
Quer tentar?
"Atenta às pausas, às pequenas, que inesperadamente o destino com frequência te concede! Um dia o que há de vir chegará assim!"
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