Autoconhecimento verdadeiro: como real caminho de liberdade e autenticidade através do Aconselhamento Biográfico.

Desenvolvimento da individualidade no exercício da comunidade

Autoconhecimento, o real caminho de liberdade e autenticidade através do Aconselhamento Biográfico.

Quando falamos de Autoconhecimento, logo vem ao pensamento ou vem em nossa mente a imagem sobre que somos.

Pensamos em nós, no nosso dia a dia, naquilo que manifestamos no mundo e nas nossas relações.

Olhamos a partir das nossas reações e ações, mas, isso só fala de uma pequena porção do que realmente somos.

Somos muito mais do que aparentemente demonstramos ser e desconhecemos esse todo que somos nós, por isso tantos são os desafios para nossa realização.

O autoconhecimento verdadeiro e profundo vai além do que é aparente. Num mergulho genuíno em si, nós encontramos o que está no “рапо de fundo” das nossas manifestações.

Estou falando de reconhecer Habilidades, Capacidades e Potências, daquilo que temos ao nascer e daquilo que  desenvolvemos com o aprendizado.

Estou falando também das nossas necessidades, as cotidianas, básicas, físicas, mas também das mais profundas, de base espiritual, que permite a realização de nosso propósito e as de alma, emocionais.

Estou falando das necessidades humanas que constituem o fundamento para que a individualidade possa se desenvolver em todo seu ‘Potencial’ para realizar o que veio fazer na vida, para viver o sentido da vida em toda a sua manifestação e realização.

Para que, como ser humano livre, possa seguir seu caminho em toda a plenitude da vida diária.

Atualmente, é nas relações sociais que melhor conseguimos perceber quem somos.

Pelas nossas reações automáticas, diante do inesperado mostramos o que somos, o que carregamos de sombras e como consideramos e reagimos a vida.

Túnel da vida
Imagem obtida no Pinterest

A biografia humana compreende o que vivemos durante a vida diurna, na vigília e o experienciado durante o sono, na vida noturna.

A partir de muita pesquisa e atendimento clínico, o médico holandês Bernard Lievegoed, em seu livro “A Humanidade no Limiar – O desafio do autodesenvolvimento”, fala que: 

“Quem busca, conscientemente, despertar, desenvolver a sua individualidade e seu propósito, deve tomar a decisão de seguir um caminho de desenvolvimento interior.

O desenvolvimento interno moderno é possível enquanto o ser humano vive uma vida social de acordo com suas habilidade, sua educação e suas capacidades individuais de se dedicar ao outro”.

As necessidades dos outros nos despertam para nossas capacidades, para nossas habilidades e nos desenvolvemos quando em comunidade acolhemos e somos acolhidos em nossas capacidades e necessidades. 

O autoconhecimento é um processo essencial para o crescimento pessoal, e muitas vezes, não percebemos o quanto os encontros com outras pessoas e a vida social desempenham um papel fundamental nesse processo.

Existe um dito popular que afirma: “É o outro com o qual me relaciono que fala para mim quem sou eu.” Esse ditado reflete a profunda verdade de que nossos relacionamentos e interações sociais são espelhos que revelam aspectos de nós mesma(o)s que, de outra forma, poderiam permanecer ocultos.

Eu, uma imagem refletida?

Quando nos olhamos no espelho, vemos apenas uma imagem refletida, uma representação superficial de quem somos. No entanto, somos muito mais do que essa imagem revela.

Nossa essência, nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos são aspectos que não podem ser capturados pelo reflexo no espelho. É através da interação com os outros que as dimensões mais profundas de nossa individualidade emergem.

Nossos amigos, familiares e colegas de trabalho atuam como verdadeiros espelhos sociais, refletindo nossas atitudes, emoções e reações de maneiras que nos permitem ver e entender melhor quem realmente somos. Mas nem sempre aceitamos o que vemos de nós mesma(o)s a partir do ponto de vista do outro.

Na vida social, enfrentamos diversas situações e desafios que nos obrigam a revelar nossas sombras. A forma como reagimos a um conflito, como expressamos afeto, ou como lidamos com críticas são aspectos que geralmente nos trazem desconforto e atrapalham nossas conquistas.

Quando observados e analisados, proporcionam insights valiosos sobre nossa identidade e nos permite identificar o que é nossa individualidade e o que é de nossas sombras, nossos restos cármicos que vem à tona como padrões de comportamento repetitivo e que atrapalham nosso desenvolvimento e nossa realização.

Essas interações não só mostram nossos pontos fortes, como também expõem áreas que podem ser trabalhadas e desenvolvidas. É na troca, na convivência e no feedback constante que podemos ajustar nosso comportamento e crescer como indivíduos.

Assim, a vida social e os encontros com outras pessoas são indispensáveis para o autoconhecimento. Eles nos fornecem o feedback necessário para uma autoavaliação honesta e nos ajudam a compreender melhor nossa posição no mundo.

Reconhecer a importância do outro em nosso processo de autodescoberta nos permite valorizar ainda mais as relações que construímos e as experiências compartilhadas, pois são elas que nos moldam e revelam quem realmente somos.

Mas para isso funcionar precisamos estar em alerta, conscientes o tempo todo para que o emocional não nos turve a visão.

A utoconhecimento na comudidade

O Aconselhamento Biográfico como Caminho para o Autoconhecimento Verdadeiro.

Rudolf Steiner, o fundador da Antroposofia, enfatiza a importância de um olhar retrospectivo para o desenvolvimento do autoconhecimento verdadeiro. Nesse contexto, o Aconselhamento Biográfico emerge como uma ferramenta poderosa para guiar indivíduos nessa jornada introspectiva.

O processo permite que se olhe para trás, para as experiências vividas, reconhecendo padrões, desafios e conquistas. Essa reflexão não só ilumina a trajetória de vida, mas também revela as capacidades e potenciais que muitas vezes permanecem latentes.

O Aconselhamento Biográfico, ao promover essa introspecção com metodologia segura e acolhedora, ajuda a integrar essas capacidades e potenciais com as necessidades individuais, analisando fatos concretos e sentimentos verdadeiros que conduzem ao entendimento da própria vida e como resultado, as boas escolhas.

Ao revisitar eventos significativos do passado, o indivíduo começa a perceber como suas ações, reações e decisões foram moldadas por fatores internos (crenças e padrões repetitivos, sombras, restos cármicos) e externos (hábitos familiares, convenções e tabus sociais). Isso leva a uma compreensão mais profunda de si mesma(o) e do seu lugar no mundo.

Vida social: o palco da transformação humana

A vida social e os encontros com outras pessoas desempenham um papel crucial nesse processo. Como dito anteriormente, “é o outro que nos mostra quem somos”.

Na interação com os outros, nossas características, comportamentos e valores são refletidos de volta para nós, proporcionando uma visão mais clara de nossa verdadeira natureza. No espelho da vida social, não vemos apenas nossa imagem física, mas também a essência de quem somos e o que carregamos, através das reações e interações com os outros.

O Aconselhamento Biográfico facilita essa descoberta ao proporcionar um espaço seguro para explorar essas interações e reflexões. Ao acolher as necessidades próprias e alheias, o processo não só fortalece a empatia e a compreensão mútua, mas também promove um crescimento pessoal autêntico e sustentável.

Assim, a jornada de autoconhecimento se torna os primeiros passos para uma integração harmoniosa de auto aceitação e engajamento social, levando a uma vida mais equilibrada e significativa.

Posso dizer que o Aconselhamento Biográfico, alinhado com a perspectiva antroposófica de Rudolf Steiner, oferece um caminho estruturado para o autoconhecimento verdadeiro.

Ao olhar para o passado com um olhar retrospectivo, integrar capacidades e potenciais com acordos sociais e necessidades individuais, encontramos não apenas respostas sobre quem somos, sobre nossa origem, mas também um guia para nos tornarmos seres humanos melhores, mais desenvolvidos.

"Nossa vida é um pendular contínuo entre o conviver com o acontecimento geral do mundo e nosso existir individual. Quanto mais nós ascendemos à natureza geral do pensar, onde em última instância o aspecto individual só nos interessa como um exemplo, como exemplar do conceito, tanto mais se perde em nós o caráter do ser particular, da personalidade singular bem determinada. Quanto mais descemos às profundezas da vida pessoal, permitindo que nossos sentimentos ressoem junto com as experiências do mundo exterior, tanto mais nos afastamos da existência universal. Torna-se uma verdadeira individualidade quem se eleva ao máximo, com seus sentimentos, à região das ideias."

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